sexta-feira, 17 de maio de 2013

MAITUNA.

Texto de Luara Tanuri terapeuta tântrica exelente guia para quen  quer explorar os camininhos do prazer. derruba os paradigmas tradicionais nos ensinando a liberdade do caminho do tantra.



Que é sexo tântrico? Todos podem praticar? Como começar e por que investir nessa "viagem"?

Sexo tântrico é a relação sexual entre seres que possuem alguma consciência de sua existência como "algo além do corpo". Com o foco no polo indivíduo (da cintura para cima), é o sexo que é feito de corpo e alma literalmente. Todos podem praticar, desde que tenham corpo e alma. Para começar é preciso querer, porque dá trabalho. Investir nessa viagem vale a pena para quem não se contenta com o que nos foi vendido como sendo sexualidade humana. Para quem quer mais da relação íntima com o semelhante, investir vale a pena só para quem quer mais, aquel@s que estão plenamente satisfeit@s com sua vida sexual não precisam investir na busca, afinal, se tudo está ótimo, continue assim.
Mas......

Se você acha que existe uma possibilidade da sexualidade ser uma forma de expressar a amorosidade e o respeito à vida, se você imagina que através do contato sexual é possível viver um êxtase que está além do simples prazer, essa busca é para você!
O primeiro passo são as preliminares e eu não me refiro às carícias ou ao "repertório básico" para que o casal fique suficientemente excitado para a penetração. Preliminar é aquilo que se faz antes da prática sexual, é a preparação e deve ser feita individualmente. Desenvolvendo as ferramentas e afinando o instrumento. Ferramentas? Retenção seminal, sensualidade, sensibilidade na pele, consciência corporal, força física, percepção orgástica. Instrumento afinado? Limpeza (corpo físico, emocional e mental), abertura do quarto chakra, entrega, busca espiritual e consciência da divindade oculta n@ parceir@. Esses são objetivos, é claro que vamos continuar a praticar sexo antes que todos esses objetivos tenham sido alcançados com pleno êxito. A sexualidade tântrica pode ser vivenciada desde que @s parceir@s queiram, mesmo antes de ter o instrumento afinado e as ferramentas desenvolvidas perfeitamente.

Vamos começar? Antes de tudo a sensualidade e o erotismo. O olhar cheio de intenção, a sedução, o gesto, a promessa não verbalizada. Depois a aproximação lenta, lenta e lenta. Podem tomar um banho junt@s desde que seja bem demorado, muita espuma, toque macio e carinhoso, nehuma pressa ou malícia. Tudo é uma bricadeira, deve ser divertido, portanto risadas são sempre bem vindas, assim como palavras doces e amorosas.
 
A primeira e principal troca é no polo indivíduo, ou seja, da cintura pra cima. Olho no olho, troca de alento, troca de saliva, peito colado, respiração sincronizada. Até que aconteça a penetração é uma novela, mas depois que acontece o ideal é que as genitais permaneçam unidas por um longo tempo. Mas essa novela é mais deliciosa que qualquer produção televisiva ou qualquer sonho de dramaturgia. Depois de muitas carícias no corpo (todo!) o casal começa um jogo para a penetração. Primeiro só a glande entra na vagina ou ânus, fica alguns segundos alí dentro sem movimento, só sentindo.

Retira-se o pênis para apoiá-lo no prepúcio do clitóris ou no pênis do parceiro, no caso de uma relação entre homens. No caso de uma relação entre mulheres, indico que a penetração seja feita com o dedo indicador e o procedimento é o mesmo, primeiro só uma falange entra apontando para cima (gancho) e permanece por alguns segundos. Esse jogo se estende por alguns minutos. A penetração é um pouco mais profunda a cada oportunidade. Sempre lentamente na entrada e na saída, para depois apoiar no corpo do clitóris e lá permanecer por algum tempo. Mesmo com o contato genital o foco continua no polo indivíduo o tempo todo, respiração, olhar, alento, saliva e coração.
Depois de um tempo nesse jogo o casal atinge uma penetração profunda, nesse momento os corpos devem estar relaxados e sem movimento algum. É permitida uma "linguagem secreta" entre o casal, ou seja, contrações do perínio que fazem o pênis se mover para cima e para baixo e contrações da musculatura vaginal (ou esfíncter anal) que apertam e sugam o pênis. Mas por um tempo o ideal é que não existam movimentos pélvicos. Além da linguagem secreta, qualquer movimento deve ser involuntário apenas, vibração por exemplo, aquela que acontece naturalmente com a subida da energia sexual pelos chakras. Quando o casal sente que existe um relaxamento e tranquilidade a Shakti inicia um movimento com os quadris que deve ser desposado pelo Shiva. Quem dá o tom e o rítmo é sempre a Shakti (princípio feminino), mesmo em uma relação homossexual, aquel@ que estiver no papel receptivo faz o papel da Shakti. Os movimentos pélvicos são circulares e sem perder o contato, a penetração é profunda, os corpos não se descolam, as púbis permanecem unidas. Deve-se evitar amplitude de movimentos para penetração, na maior parte do tempo a movimentação é circular e não de vai e vem. Já falei sobre foco lá em cima, né? Nunca é demais lembrar, olhar, beijo, respiração sincronizada, sorriso, cumplicidade....

Depois que a união está estabelecida é possível a variação de posturas, mas o ideal é que o casal tenha contato visual. Mesmo quando o Shiva está no comando dos movimentos, deve estar sempre atento para os sinais da Shakti e nunca impor seu rítmo, a magia e a sensualidade são femininas, se um dos parceiros se deixa levar pelo impulso agressivo do princípio masculino a experiência deixa de ser amorosa, deixa de ser tântrica. Sexo tântrico só é possível a partir do princípio feminino, mesmo quando entre dois homens, afinal todos nós temos em nós os dois princípios cósmicos.
Um fator importantíssimo na prática sexual tântrica são as pausas. Permanecendo na união o casal cessa a movimentação e descansa. Ainda com os corpos colados e genitais unidas com penetração se possível, percebendo a respiração e se acalmando para recomeçar os movimentos depois de alguns minutos. O orgasmo não é um objetivo, mas a observação de si mesm@ na experiência orgástica, sensual, erótica e amorosa. Todas as sensações são experimentadas a partir da consciência e o objetivo é a união máxima com o outro e assim a união com o todo, com a teia, Tantra é a trama universal onde tudo se imbrica.
O ideal é que não aconteça ejaculação, mas isso não é uma regra desde que a relação dure pelo menos duas horas. O sexo tântrico pode durar muitas horas, até um dia inteiro. A energia do Amor é tão poderosa que mesmo depois de alguns dias @s praticantes permanecem "brilhando". Ficamos chei@s de energia criativa, a pele mais bonita, bem humorad@s, é o êxtase que permanece reverberando por alguns dias depois da experiência. Monogamia também não é uma regra, entretanto é um caminho possível e provável. A partir de minha experiência pessoal, percebo quão difícil é encontrar uma parceria para a prática sexual tântrica. Isso acontece principalmente porque a maioria dos homens e mulheres não estão dispostos a encarar a sexualidade como algo realmente importante e sagrado, preferem ou estão acostumados a usar o sexo como um entretenimento (algo divertido para se fazer no domingo a tarde?) e isso na melhor das hipóteses. Encontrar uma pessoa que queira mais profundidade nas experiências e com quem se sintonize energeticamente é como ganhar na loteria! E então, talvez, a vontade de estar com ela seja maior que o simples desejo por outros corpos.
No sexo tântrico, ou maithuna, o objetivo é uma experiência espiritual através da união íntima com o semelhante. Para que isso aconteça o ingrediente principal é a reverência à divindade oculta no homem (Shiva) e na mulher (Shakti). Percebendo que além de um ser humano que você conhece como sendo @ Fulan@ de tal com suas idiossincrasias, existe alí, diante de você e dispost@ a se unir a você, um@ representante da divindade do princípio universal masculino ou feminino. Em essência o encontro é com o Shiva ou com a Shakti.

Amor e Luz!